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Leia entrevista traduzida de Florence para a Rádio ALT 92,3, de Nova York


Florence Welch em divulgação do álbum High As Hope

Imagem: AG Rojas

Na última quarta-feira (16), Florence Welch concedeu entrevista para a apresentadora Christine, da rádio ALT 92,3, de Nova York. Confira tradução completa:

Christine: No show você falou que uma das músicas antigas da Florence + The Machine, “Falling”, foi inspirada pela cidade de Nova York. Já que estamos aqui, como a cidade influenciou você como artista depois de ter cantado em tantos lugares, visto tanta gente e tido tantas experiências catárticas com música ao vivo? Qual o papel de Nova York nisso tudo?

Florence: É um lugar muito emotivo pra mim, em termos de família. Algumas coisas de família aconteceram aqui, que eu meio que falo na música “End of Love”, então a cidade de Nova York tem um peso emocional pra mim. Por outro lado, quando venho aqui também sinto uma vivacidade tão grande, uma saudade que te deixa meio solitária e sobrecarregada, mas é incrível mesmo assim! Isso teve um impacto muito grande nesse álbum, porque eu estava terminando a turnê do “How Big How Blue How Beautiful” com alguns shows aqui e foram só alguns dias em Nova York, mas foi um período muito elétrico, com muita coisa acontecendo. Eu tive aquela sensação meio de sair do corpo que a gente tem quando anda por Nova York, conversando com desconhecidos, com gente que esteve nos shows... Havia essa sensação de que ninguém sabia o que ia acontecer, mas todos estavam se conectando e se sentindo muito abertos. Isso definitivamente inspirou algumas canções, a eletricidade desse período foi inebriante e inspiradora. E me fez perceber que, dentro das coisas grandes e caóticas, o quanto as pequenas coisas, como interagir com as pessoas e se conectar com elas são importantes. Quando voltei à Nova York para mixar o álbum, eu fiquei no Brooklyn e via o horizonte da cidade além da ponte, o que inspirou a escrever o poema “New York Poem (for Polly)”, com o verso “ever reaching high as hope” (“sobem tão alto quanto a esperança”) e decidi batizar o álbum assim. Eu ia chamar de End of Love (“Fim do Amor”) porque para mim significa lidar com o amor de outra forma, não no sentido romântico e sim o fim do amor que vem da falta ou da necessidade. Mas eu achei que era muito negativo, então quando escrevi esse poema, pensei: “talvez seja isso.” Porque tem muitos sentimentos nesse álbum: tristeza, raiva, alegria, mas no meio de tudo isso eu ainda tenho esperança. E o jeito que as pessoas estão reagindo a “Hunger”, entendendo os conceitos e ideias maiores por trás dela e compartilhando essa sensação humana de anseio me deu uma esperança imensa. Eu realmente sinto que as pessoas estão ficando com a mente mais aberta e sou muito grata a todos.

Christine: Eu me pergunto como você consegue processar a sua dor na arte e compartilhá-la com os outros sem ficar muito envolvida por isso? Porque é um desafio pra todos nós, eu acho.

Florence: Não sei, sempre achei que se você coloca isso no trabalho, acaba ajudando a lidar com suas questões. Talvez você precise enfrentar isso ou passar por um pouco de desconforto. É engraçado... Não é que eu não me sinta desconfortável na vida ou no palco, mas quando estou no palco ou penso: “Não acredito que vou cantar, dizer ou fazer isso, o que eu estou fazendo?”, é o fato de superar esse desconforto que muda as coisas, de certa forma. Não é que eu esteja totalmente em paz ou saiba o que estou fazendo. Eu definitivamente sinto um desconforto, mas é um tipo de agressão consigo mesma em que você fala: “Ah, foda-se. Você está desconfortável, mas vamos superar isso!” Então é a ideia de superar essa sensação de desconforto, de sentir que não deveria dizer isso. Aí você meio que chega a algo e transcende a si mesma, eu acho.

Christine: Você usou a palavra “deveria” e acho que tantas vezes nós dizemos para nós mesmas que não deveríamos fazer isso e deveríamos dizer, sentir e agir de outra forma e isso é tudo bobagem, no fim das contas.

Florence: Sim! Quando componho, eu nunca penso que alguém vai ouvir as canções. Quer dizer, eu sei que vão ouvir, mas é um exercício profundamente pessoal. É um diálogo que tenho comigo mesma, tentando entender como me sinto em relação ao mundo e frequentemente a canção sabe mais do que eu. Então eu preciso deixar a obra fazer seu trabalho. “Se eu tirar essa frase, a canção vai ficar pior?” Geralmente a canção diz: “É, não vai ficar tão boa. Pode fazer você se sentir mais segura, mas a música não vai ser tão boa.” Então às vezes a própria obra tem a palavra final e você precisa deixar rolar.

Assista à entrevista aqui.

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