top of page
Buscar

"A turnê do HBHBHB me transformou", veja tradução exclusiva da entrevista da Florence com


Florence sendo entrevistada por Jonathan Van Ness. Fonte: Instagram do Jonathan

No dia 11 de agosto, Florence + the Machine foi headliner do festival Outisde Lands em São Francisco, Califórnia. Antes do show Florence reservou um tempinho para ser entrevistada pelo Jonathan Van Ness, da série Queer Eye. A conversa foi transformada em um episódio do podcast Getting Curious e pode ser ouvida aqui. Mas não se preocupe que a gente conta tudo o que ela falou. Confira nossa tradução, que tem todos os direitos reservados para o Site Florence Brasil.

Florence já começa fazendo piada, dizendo que a empresária implorou para ela pentear o cabelo antes da entrevista e aproveita o gancho para dizer: “Eu me sinto meio mal pelos maquiadores e cabeleireiros porque digo ‘por favor, não façam o seu trabalho, não vai ficar bom’. Maquiagem demais em mim não funciona.”

Ela explica também o motivo do visual que adotava na fase Lungs: “Eu me lembro do primeiro ensaio fotográfico que fiz. Eu era bem nova, então pegava as calças jeans velhas do meu pai e cortava para fazer shorts e combinava um monte de joias. Quando me vi assim no jornal inglês, falei: ‘NÃO! NÃO!’ Eu me senti muito exposta, então pintei o cabelo e passei a usar maquiagem, descolori as sobrancelhas para me proteger e fiquei parecendo um alienígena. Minha fase no Lungs era meio gótica bêbada.”

Florence descreve sua bagagem nas turnês dessa época: “Eu não tinha dinheiro, então basicamente levava camisetas, meias-calças e garrafas de vodca na mala.” E as revelações continuam: “Quando eu tinha uns 19 anos, meus ícones de estilo eram as Spice Girls e a Gwen Stefani do No Doubt.”

Em seguida ela descreve o look que usou no colégio aos 10 anos, em um dia em que o uniforme foi liberado e ela achou que ia arrasar no visual: “Botas plataforma azuis, calça boca de sino de veludo roxo e coque igualzinho ao da Gwen Stefani. Até aí tudo bem, mas eu fechei com um macacão dos Simpsons. Quase acertei!”

Florence aproveita para dizer que a irmã Grace, o marido Daniel e filha Bonnie estão na plateia, e conta que eles amam a música feita em homenagem a ela, Grace, emendando: “aproveito para pedir desculpas a ela de novo.”

Jonathan relembra o show intimista que Florence fez em Nova York para o Spotify, em que uma tempestade aconteceu apenas durante Sky Full of Song, justamente a música que fala de trovões. Segundo Jonathan, a plateia inteira chorou nessa hora. Florence completa com algo que não chega a surpreender: “Eu sou seguida por tempestades e tenho uma história familiar com enchentes. Acontece o tempo todo.”

Segundo ela, “Adoro me apresentar ao ar livre porque me sinto realmente fora de mim e me conecto com algo a mais. Porque quando eu me apresento, eu sou profissional até certo ponto, mas não sei muito bem o que acontece. Algo toma conta de mim e nesses momentos eu sinto que algo definitivamente está ali.”

Florence também entrega que a irmã Grace é superfã de Queer Eye e mandou mensagem de texto depois do show de Nova York, dizendo: “Ai meu Deus, você encontrou o Jonathan?” De acordo com a Florence, “Ela não estava nem aí pro meu show! (risos) Depois eu vi a série toda e o que vocês fazem é muito importante! Foi a minha vez de mandar mensagens pra Grace dizendo ‘ELES SÃO UNS ANJOS E VIERAM AO MEU SHOW!’”

Florence também reafirma que Patricia foi inspirada na Patti Smith. “Ela é uma força etérea, mas é uma pessoa real” e admite que fazer o How Big How Blue How Beautiful a salvou de várias formas, mas o processo todo foi muito sofrido porque ela começou a gravar uma semana depois de ter parado de beber, além de estar com o coração partido e obcecada por um cara. Florence achava que era preciso estar neste estado fazer música. O álbum levou um ano para ficar pronto.

A turnê do How Big How Blue How Beautiful levou Florence a ficar vulnerável na frente de outras pessoas. Nesse processo, ela aprendeu que mostrar vulnerabilidade pode significar força e fez outra descoberta: “Eu estava tão infeliz quando fiz esse álbum e ver essas músicas virarem alegria nos shows me transformou. Voltei dessa turnê uma pessoa diferente.”

A transformação foi tão poderosa que a fez correr para o estúdio logo depois dessa turnê: “Quando comecei a fazer o High as Hope, eu recuperei o gosto pela música. Voltei a compor sem expectativas no sul de Londres e foi como voltar á época em que fiz Dog Days Are Over. Foi essa energia que eu trouxe para o álbum.”

As revelações continuaram durante a gravação do High as Hope: “Descobri que a autodestruição e a criatividade não estão ligadas. Eu acreditava que precisava me jogar no altar da destruição para ser uma estrela do rock e que isso era legal. Eu queria ser aquele tipo de pessoa que está pouco se fodendo, mas sou sensível demais para isso. Algumas pessoas não estão nem aí, mas eu realmente me importo, sou sensível demais. Eu queria poder continuar seguindo essa tradição a história do rock, mas não deu.”

Jonathan emenda: “Eu acho que ser vulnerável em público sobre isso é muito mais forte do que criar uma fachada e fingir ser algo que não é.” É a vez dele se abrir, dizendo que a sobriedade da Florence foi importante pra ele também “porque eu gosto muito de maconha.” Ela emenda: “Sabe que eu nunca curti maconha? Gostei de todo o resto, mas da maconha, não.”

A discussão parece que vai ficar mais séria, abordando os temas de Hunger, mas Jonathan menciona a jogadinha de ombro que ela faz no clipe dessa música: “É o meu movimento cinético favorito da vida. Tentei imitar, mas o meu corpo não se mexe do mesmo jeito que o seu.”, ao que Florence dispara: “Nem eu sei se eu consegui repetir esse movimento desde o clipe!”

A casa onde foi gravado o clipe de Hunger fica em Los Angeles e pertencia a um designer de joias que era obcecado pelo mineral malaquita. “A casa está do mesmo jeito desde os anos 1970, parece um museu.“

De novo, Florence diz que nunca imaginou que poderia falar das questões de Hunger em uma música, ela nem sabia que era possível abordar esses assuntos e muito menos esperava que ela fosse tão bem recebida: “Achei que ninguém fosse tocar essa música.”

Ainda sobre Hunger, “Embora eu esteja em uma fase bem melhor na vida e já tenha enfrentado e aceitado muita coisa, a letra diz: ‘é sexta-feira à noite e você esta olhando pro seu telefone'. Às vezes eu me vejo nessa situação e penso: ‘EU ESTOU NA MÚSICA! ESCREVI SOBRE ISSO E ESTlOU TENTANDO SAIR DESSA, MAS AINDA ACONTECE.”

Jonathan emenda com “ah, miga, nessas horas você tem abstrair, ver uns programas de culinária e deixar rolar.” Em seguida, os dois reclamam do recurso da Netflix de mandar mensagens do tipo “Você ainda está assistindo?”’ para quem está maratonando alguma série. Florence é categórica: “Quando eles vão acabar com isso? Porque tudo mundo quer continuar assistindo!”

Jonathan fala de The End of Love e pergunta: “Por que eu me sinto tão bem quando ouço essa música?” Florence tenta explicar: “É uma catarse. Não sei. Havia uma sensação de coração partido generalizada enquanto eu fazia esse álbum que é difícil de descrever. Todo mundo estava sofrendo de alguma forma e isso acabou entrando na música.”

Florence continua: “The End of Love também fala da minha família, da minha avó que tinha transtorno bipolar e morreu em Nova York, dessa história de enchentes que acompanham minha família e sobre a ideia de trauma herdado. Porque a capacidade de amar da minha avó afetou a da minha mãe e isso também me afeta. É algo que ainda nos atinge como família.”

Ela se aprofunda: “Quando eu estava compondo, a música era sobre esse período em Nova York há dois anos, em que muita coisa que está acontecendo aqui e no meu país ainda não tinha acontecido. A sensação era de que estávamos tateando no escuro.”

Florence reconhece que tudo isso é meio confuso: “Olha, as canções podem unir coisas que parecem não fazer sentido. Algumas aconteceram há centenas de anos, há dois anos, umas partes falam da minha avó, outras falam de mim e a canção amarra tudo com com um laço estranho. Quando a letra fala: ‘E era tão alto para cair e não doeu nada’, eu espero que minha avó tenha encontrado a paz. Essa é a mensagem de esperança desta música: a situação está muito difícil, mas você espera ter paz em algum momento. Faz sentido? É muito difícil descrever minhas músicas porque elas falam de cinco temas diferentes.”

Por fim, ela menciona a turnê do High as Hope nos Estados Unidos e diz que algo especial pode acontecer nos shows do Hollywood Bowl que tem o Kamasi Washington como artista de abertura. Ele é um dos músicos favoritos da Florence, que tocou saxofone e fez os arranjos de metais em South London Forever, Big God e 100 Years. Tudo indica que Kamasi vai tocar alguma dessas músicas ao vivo com a Florence + The Machine, o que promete ser imperdível.

Alguém da plateia grita: “Como você escolhe suas roupas?” Florence responde: “Eu bebo muito café e jogo muitas peças para o alto até decidir. Acho que sou organizada e na verdade não sou. Mas sempre tem uma explosão de estampas. Aí eu escolho o que está menos amassado, algo vintage, mas que não esteja rasgado.”

Jonathan elogia Florence, dizendo que a roupa combina com os olhos dela e ele nunca viu algo assim: “A cor dos seus olhos é uma loucura pessoalmente. Não sei quem deu permissão para eles brilharem assim.” E encerra a entrevista dizendo: “Eu não sei bem o que esperava, mas sei que você excedeu todas as minhas expectativas.”


bottom of page