A revista norte-americana Rolling Stone publicou hoje uma entrevista na qual Florence descreve o que precisa fazer antes de entrar no palco. Confira nossa tradução, que tem todos os direitos reservados para o Site Florence Brasil. O texto original pode ser lido aqui.
Como Florence Welch fica confortável o bastante para subir no palco
Prestes a começar a turnê de arenas do álbum High as Hope, a cantora se abre em relação ao estado de transe que alimenta suas apresentações ao vivo.
Kory Grow, para a Rolling Stone
Florence Welch precisa se colocar em um transe para entrar no palco. Quando ela perde essa sensação, o resultado pode ser terrível. Foto: Mark Horton/Getty Images
Para entrar no palco, Florence precisa induzir em sim mesma o que ela chama de “estado de transe.” Ela ouve as músicas que mais gosta no momento e simplesmente se desliga.
Ultimamente, enquanto se prepara para os meses de apresentações em que rodopia como um pião na turnê norte-americana para promover o High as Hope, a playlist de Florence inclui o novo álbum da banda de indie rock White Demin, a rígida e quase rap Chequeless Reclkess do grupo de garage rock irlandês Fountaines D. C (“É incrível”, elogia ela) e a comovente Jewelry do Blood Orange. “Às vezes eu coloco uma música e ouço várias vezes,” diz ela à Rolling Stone. “Eu preciso começar a me entregar a seja lá o que for que toma conta dos shows, o espírito das apresentações ou sei lá que porra é essa. Eu não sei, porque na verdade não sou eu.”
Nos shows que a Florence + The Machine já fez este ano, a setlist tem aproximadamente metade do High as Hope, além de músicas dos três álbuns anteriores em apresentações emocionantes. Segundo Florence, a única forma de fazer isso é se entregando ao momento, gostando disso ou não. No fim das contas, é uma questão de confiança. “Sempre sinto que o palco é terreno sagado,” explica, reverente.
Quando saiu sem querer desse estado de transe, o resultado foi desastroso. Na famosa apresentação do Coachella de 2015, Florence pulou do palco e quebrou o pé. “De repente fiquei constrangida,” relembra ela. “Eu tinha acabado de tirar a blusa na frente de um montão de gente e me dei conta disso. Eu me lembro de pensar: ‘Ai meu Deus, que porra eu fiz?’ Quando você está no transe, você fala: ‘Todo mundo, tira a roupa” e vai com eles sem problemas, mas naquele momento, eu subitamente... É como a porra do negócio de Adão e Eva: ‘Ah, meu Deus, acabei de me dar conta que tirei a roupa na frente dessa multidão. Não era pra eu fazer isso.'”
“Fiquei constrangida por um segundo e pensei: ‘Preciso sair daqui porque está todo mundo me vendo,’ continua ela. “Então eu me joguei do palco, mas de um jeito constrangido que acabou me machucando, pois eu me baseio muito no físico. Foi como se eu ficasse subitamente estabanada. Quando você está nesse estado quase fora do corpo, geralmente está segura porque faz tudo de um jeito tão fluido que não se machuca.”
Às vezes a dicotomia entre o estado de transe e o verdadeiro eu fica difícil demais para Florence suportar. É um cabo de guerra entre a inibição e o desconforto. “Isso pode até fazer parte da apresentação em si, quando você às vezes fica em conflito consigo mesma,” explica a cantora. “Mas eu não diria que estou totalmente confortável o tempo todo. É meio que com base na raiva, na insistência em seguir adiante e em um tipo de ‘foda-se’ para mim mesma que a apresentação acontece.”
Relembre aqui o trecho da apresentação do Coachella em que Florence quebrou o pé.