A revista Vogue britânica publicou ontem uma breve entrevista com a Florence antes do último show da turnê. Confira o texto original aqui e nossa tradução logo abaixo da imagem. Lembrando que todos os direitos desta tradução estão reservados para o Site Florence Brasil.
Todas as fotos desta matéria são da Lillie Eiger, que cobriu maravilhosamente a turnê do High as Hope.
Por que o show da Florence + the Machine na Acrópole foi a realização de um sonho para a cantora
Texto original de Kerry McDermott
23 de setembro de 2019
Florence Welch falou com a Vogue britânica sobre os vestidos Gucci “perfeitos para um fantasma”, a obsessão de infância pela mitologia grega e as quase 600 mil libras [cerca de três milhões de reais] que a turnê do High As Hope arrecadou para os Médicos Sem Fronteiras
No domingo à noite, Florence Welch fechou a turnê High As Hope com um final espetacular na Acrópole, o primeiro show da Florence and the Machine em Atenas em dez anos. O evento acontece em um momento particularmente significativo para a cantora, cuja obsessão pela mitologia grega remonta à infância. “Os deuses e deusas da Grécia me deram tanta inspiração ao longo dos anos que pareceu adequado terminar a turnê na presença da própria Atena,” disse ela à Vogue britânica antes do último show.
O cenário de tirar o fôlego da última noite da turnê que levou Welch e sua banda a viajar o mundo em mais de 100 shows não é o único motivo para a apresentação ser especial. Para cada ingresso vendido, uma libra [cerca de 5 reais] foi doada para os Médicos Sem Fronteiras, que fornecem atendimento médico de emergência aos que foram afetados ou desalojados por desastres naturais conflitos ou epidemias pelo mundo. Enquanto os vocais pungentes de Welch ressoavam pelo Teatro Herodion no domingo à noite, o total arrecadado passou do meio milhão de libras. [cerca de 2,5 milhões de reais]
“Em um momento em que o nacionalismo e a xenofobia estão crescendo cada vez mais e com a crise dos refugiados ainda acontecendo, o trabalho deles é mais vital do que nunca. Eu tive o privilégio de tocar em muitos países do mundo e o que vi nessas plateias foi amor, um amor baseado na humanidade, vulnerabilidade e empatia que temos em comum em vez de ideias de nação ou país, então os Médicos Sem Fronteiras parecem uma extensão natural desse espírito,” explicou Welch sobre a organização humanitária com a qual a banda trabalha há alguns anos.
Além de conscientizar o público nos shows, Welch também é conhecida por colocar a mão na massa na parte estética de suas apresentações com toques teatrais. Para a turnê do High As Hope, a cantora trabalhou com seus colaboradores de longa data, a stylist Aldene Johnson e Alessandro Michele da Gucci, em um figurino etéreo e onírico que poderia estar perfeitamente em casa entre os últimos vestígios da Grécia Antiga.
“O que eu visto no palco influencia muito na apresentação e a dança faz cada vez mais parte do show, então a liberdade de movimento era muito importante. Embora considere o meu estilo de performance como essencialmente sem gênero, eu alterno entre o masculino e o feminino várias vezes durante um show. Esse álbum fala muito da força feminina e eu queria mostrar que você pode ocupar o posto de atração principal sem imitar os ideais masculinos de um astro do rock tradicional. A Gucci é mito boa em lidar com essa dualidade e criou vestidos que se adaptaram aos meus movimentos e elevaram a minha apresentação. Eles eram frágeis e fortes ao mesmo tempo”, explicou Welch.
“Você quer levar a plateia a outro mudo, assombrá-los, enfeitiçá-los por algumas horas,” contou Welch, acrescentando que “tudo o que [Michele] faz tem um toque de magia.” No caso do figurino da cantora, isso significou criar vários “vestidos perfeitos para um fantasma,” conforme descritos pela líder da Florence + the Machine.
Os vestidos delicados de Welch contrastam fortemente com sua voz potente e presença de palco descomunal, mas a cantora admite ser “naturalmente eremita”. “Eu tenho ansiedade... E não lido muito bem com viagens, então houve momentos em que eu sinceramente pensei que precisaria fazer as malas e voltar para casa,” confessa. A maior fonte de força para subir ao palco todas as noites? Os fãs. “Eles realmente me ajudaram muito. Uma das coisas mais lindas que vi nessa turnê foi a comunidade que cresceu ao redor dela. Talvez tenha algo a ver com a vulnerabilidade desse álbum específico, mas para mim nós deixamos de ser artista e plateia e viramos uma pequena família, unida não só pela dor em comum, como pela alegria, esperança e beleza.”
Todas as fotos dessa matéria são da Lillie Eiger.