Ontem a revista Marie Claire publicou uma entrevista em que Florence fala sobre como está se sentindo na pandemia e o que pensa sobre o envelhecimento, entre outros assuntos. O texto original está aqui e a nossa tradução exclusiva, logo depois da foto. Lembrando que todos os direitos desta tradução pertencem ao Site Florence Brasil.
Phil Fisk/Camera Press/Redux
Florence Welch finalmente sossegou
A líder da Florence + the Machine passou anos fazendo shows esgotados em estádios, mas agora está aceitando a solidão
Por Taylore Glynn
13 de novembro de 2020
Embora nossas conversas não tenham sido cara a cara, eu ainda consigo sentir a presença de Welch, etérea e carinhosa como um fantasma benevolente que arruma a sua cozinha enquanto você vai ao mercado. Estamos em fusos horários diferentes: eu em Nova York e ela em casa, em Londres, mas essa separação não tem a menor importância.
“Agora o tempo é uma bolha esquisita e fluida. Eu sou eremita por natureza, mas isso é demais até para mim. Tudo parece tão inútil. Estrutura? Por quê? O tempo não tem significado!”, declara ela. Tenho que concordar. Esta entrevista acontece em junho, quando o distanciamento social devido à COVID-19 ainda está em vigor com força total. Mas, apesar do isolamento, Welch encontrou o que fazer dentro desse vácuo de tempo. Ela coordenou a criação de um poema coletivo com fãs de todo o mundo pelo Instagram e conectou-se virtualmente com os amigos (sem perder a profundidade). “Tudo isso te leva a perceber quem você realmente ama e como você vai valorizar essas pessoas pelo resto da vida,” diz ela. Florence também lançou “Light of Love” (música que ficou de fora do álbum High As Hope) com renda revertida para os funcionários do serviço de saúde do Reino Unido. A letra é cativante como sempre, mostrando um eu lírico que está determinado a não se esconder da escuridão, um esforço que Welch vem fazendo há meses.
“Não sou a pessoa mais estável em termos de saúde mental, então eu realmente tive muita dificuldade. Acho que é particularmente difícil para os adictos que não podem contar com a ajuda dos grupos de apoio.” (A cantora está sóbria há seis anos.) “Está sendo um desafio aceitar essa quietude. Descobri que boa parte da minha personalidade se baseia em ir embora, em fazer as malas e ir para outro lugar, de modo a não ter que lidar comigo mesmas ou com as consequências dos meus atos. Em geral, eu simplesmente vou embora e agora eu preciso ficar e conviver comigo mesma,” admite.
“Quanto mais velha eu fico, mais o meu rosto parece fazer sentido.”
A exploração pessoal da cantora também se estende ao lado físico. Welch diz que 2020 fez com que ela se sentisse “com uns 10 anos de idade, e também com uns 134,” tanto por dentro quanto por fora, e que isso mudou sua rotina de beleza.
“Usar aquela maquiagem pesada para os shows e as viagens não faz bem para minha pele, então foi bom ficar sem nada por um tempo, mas depois de alguns meses, voltar a usar maquiagem me pareceu um jeito de ser criativa e cuidar de mim. A expressão pessoal é muito importante e está me ajudando a ficar bem comigo mesma. Além disso, eu tenho 33 anos! Preciso de blush!”, diz ela.
Florence também me fala de sua cruzada pessoal no mundo da beleza: “Estou lutando para trazer as bolsas embaixo dos olhos de volta à moda. Por favor, tente encontrar um jeito de fazer com que elas sejam chiques. Tenho bolsas enormes embaixo dos olhos que são genéticas e estou tentando aceitá-las. Eu me lembro de ter grandes debates com minha equipe sobre elas em todas as capas dos meus álbuns especialmente no How Big, How Blue, How Beautiful [lançado em 2015]. Se tivéssemos deixado a foto totalmente sem retoques, eu ia ficar com uma aparência exausta, mas também não queria que elas sumissem totalmente. Afinal, o meu rosto é assim!”, explica Welch.
Hoje em dia ela está mais tranquila em relação ao envelhecimento, especialmente após filmar a campanha para o mais novo perfume da Gucci, Bloom Profumo di Fiori, junto com o ícone hollywoodiano Anjelica Huston.
“Conhecer uma mulher como Anjelica dá uma ideia diferente sobre a beleza feminina e como ela não está ligada a uma aparência jovem. Isso é incrivelmente inspirador. Mas agora até que eu gosto de envelhecer. Sinto que meu rosto finalmente está me acompanhando. Eu sempre pareci ‘velha’, mesmo quando era criança. Quanto mais velha eu fico, mais o meu rosto parece fazer sentido.” Está aí um ótimo argumento para não lutar contra o tempo.
Esta matéria saiu na edição Inverno de 2020 da Marie Claire
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